quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Mambo


 



O mambo surgiu em um lento processo que começou no final da década de 30 e atingiu o auge em meados dos anos 50. Em 1938, o músico cubano Orestes López compôs um danzón mambo, no qual os ritmos sincopados extraídos do El son uniam-se a improvisações de flauta. Estes ensaios chegaram aos ouvidos de Arsenio Rodrigues que, naquela época, dedicava-se a aperfeiçoar o El son cubano e que, no mesmo ano, apresentou o ritmo em Havana um pouco antes de viajar para Nova Iorque na tentativa de curar sua deficiência visual.
Este ritmo cativou o arranjador e baixista do grupo Antonio Arcano y sus Maravilhas, Israel López Cachao. Com seu irmão, ele introduziu o ritmo nos salões da alta sociedade de Havana e, para torná-lo mais atrativo, apresentou uma versão modificada, que era uma fusão entre o jazz e a rumba, com um compasso mais marcado. O pianista do grupo cubano mais famoso no momento, a Orquestra Casino de la Playa, Dámaso Pérez Prado, foi desde o primeiro momento, um entusiasta do ritmo: abandonou seu grupo, levando consigo alguns músicos para formar uma nova orquestra voltada para o mambo.
Mas os empresários cubanos, aborrecidos com tamanha deserção e com o surgimento de novos ritmos, valeram-se de todos os meios para impedir a contratação de Prado. E conseguiram… Ele teve que emigrar e, depois de viajar com pouco êxito pela América Latina, chega ao México em 1948 para uma breve turnê. Naquele país encontrou-se com Benny Moré. Eles se uniram e criaram a Orquestra Mexicana com músicos cubanos na seção ritmica. A primeira apresentação causa uma revolução nas pistas de dança mexicanas. A rapida turnê lhe abre as portas para a carreira artística, que chega ao apogeu com a rodagem do filme Al son del mambo. Prado se declara colecionador de sons da natureza-o vento, o fogo, o coaxar do sapo…- e define o mambo como um regresso à ela. Porém, o ardor e a rapidez da dança causaram inúmeros problemas: em 1951, o cardeal Juan Gualberto Guevara afirmou que negaria a absolvição a qualquer pessoa que houvesse dançado “ao compasso do mambo”. Prado responde tal afirmação compondo uma canção intitulada Ao compasso do mambo.
O êxito também alcançava as emissoras de rádios hispânicas de Nova Iorque, que, mesmo tendo a comunidade latina como público alvo, também eram ouvidas por muitos falantes da lingua inglesa. Prado passou a ser conhecido tanto pelo apelido de El rey del mambo como o de Mambo King.
A partir de meados dos anos 50, o mambo tomou conta das pistas de dança e substituiu a rumba, pois era mais fácil de dançar e permitia que cada um inventasse os seus próprios passos. Após sua difusão na Europa, perde sua popularidade nos anos 60 e, apesar dos esforços de Pérez Prado para promover novos ritmos – suby, pau-pau, chunga, dengue… – não surgiu nada que fosse capaz de reviver o auge da década anterior. Na década de 90 – em parte graças aos filmes como Los reyes del mambo-, as pistas de dança voltaram a ser ocupadas pela força desse ritmo cubano.
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